Atualmente reconhecemos o futebol como um dos mais importantes fenômenos da cultura brasileira. Mas nem sempre foi assim. Políticos, militantes e intelectuais protagonizaram, na década de 70, um amplo debate sobre o lugar do futebol na sociedade brasileira. Algumas das idéias que ancoram nossa perspectiva atual sobre o esporte foram produzidas neste período. Dentre elas destacam-se as do antropólogo Roberto Damatta que renovou e ampliou o espectro de discussões sobre o assunto. Seus estudos revelaram que o futebol não era um fenômeno extrínseco à cultura, “… uma atividade em oposição ou competição [com ela]”, mas uma atividade da sociedade e, portanto, da cultura. Não era o ópio do povo de que falava certa linha de pensamento.A chegada do futebol no Brasil significou a introdução/construção de uma série de práticas sociais que mobilizam não somente seus admiradores. Basta observar, por exemplo, o quanto nossa linguagem expressa e incorpora expressões futebolísticas à vida cotidiana, “deu na canela”, “entrou com bola e tudo”, “acertou em cheio”, são alguns exemplos dessa transposição que envolve qualquer falante da língua portuguesa no Brasil.
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